30.11.12
23.3.11
Sistematizar
enrolar olhar o largo
e zarpar.
Calmando virulentas passagens,
duzentos dias já passados.
Nas Cartas e nos Astros
serei o criador racional
sacerdote sem dote Sábio.
Sejamos objectivos:
na minha idade
perdido o conforto antigo
encontramos o desconforto duradouro.
Objectividade em exigir o suicidio para se obter a vida.
aproxima
Vazios e cheios
tantas referências
tanto saber acumulado e misturado baralhado
para levar sem barco ao porto certo.
Perdido o barco,
aquele que queria até saber marear,
mas perdido bem –
a corrente afasta-me.
Outro porto este mais simples e amplo
com barcos ancorados esperando marinheiro.
Perdi o barco lá mais atrás
e reforcei o erro
deixando-o perder-se em correntes variadas.
Talvez que mesmo antes de o perder
nunca o tenha encontrado.
afasta
14.3.11
As mulheres acima que nos põem sempre
quase
em baixo.
O discurso libertador de uma autogestão
garantida e sem problemas.
Quem eu quero?!
Uma mulher que organize que eu cozinho,
uma mulher que se largue enquanto eu fico nos livros e na limpeza.
Que fazer se eu amo mais que uma mulher?!
Fujo, amo, torno-me mais maduro
trabalho até me esgotar,
me esvaziar e cansar em absoluto?
Absolver-me dos meus pecados?
Renunciar da atitude verdadeira de multiplicidade?
9.3.11
A paisagem larga
e a pergunta
porque é que eu conto isto,
seguida de
a quem eu conto isto.
Pelo fotografo polaco que me fotografou por quatro vezes?
Pela preguiça enorme e boa que fez do banco uma encosta ao dormitar profícuo?
A quem se conta então isto?
Fragmentos economicos na noite
registos variados e diferentes
como as dimensões
e os espaços.
Sem certezas e em improviso
desliza-se a 13 graus centigrados
numa vertigem de 59 kms. / hora
montanha abaixo.
Deixo os cães e talvez um pouco
os gatos esquivos
por um certo tempo espero.
O tempo dos grelos de couve que cortados miudinhos
fazem em azeite e alho
uma pequena festa nos nossos estômagos.
A uns 10 metros
uma recruta loura desenvolve um discurso sem paragem
sobrepondo-se no tempo ao percurso
desta nave que ginga sonoramente
em cortando a noite.
Em dois dias a manhã
Abrir-se-á diferente.
Num exercicio que para ninguém
se abre me significo
fragmentado.
De oportunidades perdidas por omissão
de um discurso claro
uma exposição concisa da intenção
importante.
Mais uma vez terei que visitar
a parte cinzenta do meu percurso
o caminho paradoxalmente tão
deslizante quanto gratificante.
Muito de japonês nessa face alva
Gueixa
De uma metrópole genuinamente ocidental.
Os retalhos entrecruzam-se
Mesmo que separados por estreitas linhas.
O fio condutor conta-se pelos sonhos e pelas horas
pela despedida e pela reentrada.
Ao desejo dela
nasce o desejo multiplo
misturado
dissecado num trabalho sem esforço
e sem qualquer objectividade.
Fala-se dos astros e dos amantes
da doença e da comida
ao mesmo tempo
que as mãos se procuram
e os labios se cruzam
numa rapidez despercebida.
Cruzamo-nos na torre
as diversas linguagens desejam-nos boa viagem,
do frasco de perfume desprende-se um odor estranho,
figos, queijo magro e grelos de nabo
em bom azeite.
Ela exorcisa
o silêncio de antes
desta hora.
Fala, um discurso que prenche os solavancos
desta capsula.
Agora sente-se que a descida
Incita a maquina,
um sem retorno parecido.
E lá já se degusta a sopa de abóbora
com o pão e o queijo magro;
o soar forte do telefone acontecerá
a qualquer momento,
diferentes sonoridades correspondem-se
entre si,
a resposta, o diálogo super rápido
com o rap e as noticias de ultima hora.
Acerca-se a hora da dormida
o ritmo retrocedeu uma semana
a rotina instala-se depois de um nevoeiro que electrizou
um pouco
o espaço entre as pedras.
Apenas os cães mantêm o seu habitual discurso.
As perguntas acalmam-se
o silêncio alimenta-se dos cansaços,
o guerreiro mira ao longe as luzes alinhadas
e interroga-se de tanta ordem.
O silêncio é a resposta
a chuva o seu preenchimento.
(Julián Ríos – “Larva”)
Aleivosia,
quase final da viagem
mas que viagem?
Respondidas não as perguntas
ainda mais respostas
e
uma curiosidade sempre mais crescente.
Um certo desapego face à trepidação
desfaz-se o encontro por outro encontro
na cessante procura
em que o resultado se adivinha.
Tornar-se então um motor
que parta na direção precisamente contrária ao destino traçado.
É efetivamente uma das respostas que esta viagem reformula.