29.12.05

"There are three bodies that are eminently connected: the territorial body, that of the planet and ecology; the social body; and finally the animal or human body" from this results the need to reorient oneself with respect to the other –the question of the neighbor and alterity. Reappropriating the body is not merely a question of choreography – but of sociography – relating to others and the world."
Paul Virilio

(Porque se quer real a poesia?
Porque a poesia é acção
E na revolta
Uma mistura de simbolismos
Transforma
Os dias

1999
O verão são 2 meses...do frio Julho da Dinamarca

Num final, premissas que afloram; a tempo?
É de feriado este entardecer; com sons estranhos
a invadir o estrelejar do jogo
as arvores em fila
na mesma,
mas mais silêncio,
os arredores dimensionando o nosso
silêncio.

Mais longe a casa e ainda mais para lá
a baía,
impressionantes miragens aqui tão perto
fortes e com cheiro vivo,
as aves acomodando-se,
os cães volteando-se.

O dia esvazia ao ladrar dos cães, os sons do
dia,
no paraíso de aqui.

As perspectivas mais íntimas,
a horas que são as nossas,
diferentes escalas ponteadas a verde
num fundo mais antigo.

Abre-se a noite
ao azul do canto.

Se me direcciono, perco o fluír

Subúrbios,
a vigia assemelha-se a uma janela
a musica é ligeira, em samba
delegações variadas
animam o pátio
ainda os cães e a baía,
a baía dos cisnes,
sossegados, discretos
as árvores.

A raridade é em tempo,
mais longo, mais saboroso
a lentidão do olhar
um papel e uma caneta
colagens, colagens
e invasão.

Evado o suspirar do dia
mexo o corpo
e associo o arrepio a lá ao fundo
na paisagem
na lonjura de um olhar que sorri.

Longínqua

Conseguimos fugir das coisas
na ausência
conseguimos
na presença transfigurar um
local.

Podemos identificar
o azul do mar e
o verde dela,
ainda à pouco saltando
estas poças de
um verão esguio.
O Brasil e Africa
dois prolongamentos
em coladeira
garridas cordas em
mastro de sons.

Ela passa
diagonal à porta grande;
prefiro imaginar uma entrada
de surpresa
um som de palavras e
Um olá quente...

Na realidade um olá quente

É negra e quente
pequena e activa
procura
e luta para encontrar

e vai outra vez
em diagonal
pela verde esquadria;
é um pátio largo
como o seu sorriso
todo na ombreira do meu
esconderijo

É bom ser conde
pequenino perdido
num dilema,
no castelo
mais alto que as pessoas
que animam diagonais
entre as janelas...

Mais tarde fico de te falar
rápido,
em fuga.

2002
Nas montanhas da fria Noruega

A canção a ela
Tudo é bonito meu amor
Quando te vejo o olhar
Tudo é bonito meu amor
Quando balanço no teu ar
E vejo cores, tantas cores
E movimento
Que tudo é bonito, meu amor
Quando te tenho no olhar
Esses olhos de princesa
Esses olhos de amor
Que passeiam por aí, sem nunca se agarrar!
Ai liberdade, amor
Ai alegria, amor
Ai liberdade que por ela te desejo, amor
Ai movimento e balanço
Ai mar e firmamento
Quando tenho teu olhar
Quando tenho o sentimento
De por ti tudo largar
De por ti tudo amar.

11 horas: dia 3 / pós elas / pós ele.
A caminho o sol espelha
uma luz que
é forte
um azul em forro em acetinado
arredor.

Falhou o sexo, aquele sexo que eu queria
mas
no caminho largo o horizonte se
concentrou
e tão próxima é a sensação
de qualquer coisa
que se transforma
que neste sol nem os farrapos
de neve
apagam
um dia novo.

Porque te amo – e é só
e porque te quero – e é só
me desanuvio
em sorrisos e
assobios que nao ouço.

É manhã e é dia,
um dia gloriosamente
claro que conformo,
lembranças de nada
de apenas a ter beijado
em despedida.

Falamos em drogas e médicos
mas nada é mais curativo que estar
em descanso com quem se deseja.

A terapia nasce de um desejo que se
transforma em projecto comum,
ser feliz,
estar junto na distância e
sacudir
qualquer lembrança de animal
domesticado que se foi.

E é assim amor que de manso
se encontra o necessário espaço
para um salto,
um salto real, um salto que
se deseja real.

E em rodopio mil planos
se desenham
o horizonte claro
a terra que se respira
o sol que aquece
e as pessoas que
se projectam.

Se a vida, o correr os dias tem
diversos ciclos
diversas energias
e cores e sons,
outros sons agora
se tornam fortes
e o gosto dos sabores
da carne se
misturam ao desejo de mudança.

Ser radical, amor,
na recusa do normal
da rotina que devagar
se imiscui no teu caos natural
ser radical, amor,
no desejo que torne
a minha carne
activa!

É necessário que seja um “bastard”
para sacudir anos de poeira
de cima.
Resolver as coisas,
resolver todas as
coisas
em globalidade uma totalidade
que se não questione
nunca.)

Esquecidos e achados

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